Sensação, de acordo com os presentes, é de colapso total na rede hospitalar
Muito embora essa seleção rigorosa tenha diminuído a demanda diária do Walfredo para 14,4%, o 'desafogamento' acontece em prejuízo da saúde de outros pacientes
A regulação que prometia aliviar a demanda no Hospital Walfredo Gurgel vem apresentando sérios efeitos colaterais. Os pacientes que não estão sendo atendidos no Walfredo, são mandados diretamente ao Hospital Municipal de Natal. Em virtude do tratamento aplicado, e que não teria a mesma qualidade do encontrado no Walfredo, alguns pacientes, inclusive, voltam em estado ainda mais grave ao hospital administrado pelo estado.
De acordo com relato de algumas testemunhas que têm convivido diariamente com uma situação precária no atendimento do Walfredo Gurgel, alguns pacientes que vão ao hospital tratar de traumas precisam esperar por mais de quatro dias em uma sala para poderem ser operados. Os gemidos de dor no Walfredo têm se tornado um som de rotina para profissionais e pacientes que trafegam pelos corredores. Os pacientes que estiverem em fila esperando uma vaga na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) também terão que se submeter a uma situação de risco – eles só serão atendidos quando uma dos leitos da UTI vagar, isto é, quando alguém sair de lá – vivo ou morto. A sensação, de acordo com os presentes, é de colapso total na rede hospitalar.
Alguns dos principais motivos elencados por quem está lidando com essa realidade são: uma decisão administrativa que resultou no fechamento de dez leitos da UTI (a UTI do pronto-socorro estaria fechada há mais de um mês). A administração do hospital havia justificado que esta era uma ordem da Coordenadoria de Vigilância Sanitária (Covisa), mas, segundo relatos, tratou-se apenas de um estratagema interno arquitetado pelos operadores do Núcleo de Acesso e Qualidade Hospitalar para pressionar o secretário de Saúde, Luiz Roberto Fonseca a mandar mais enfermeiros para o Walfredo, muito embora isto criticamente colocasse em risco a vida dos pacientes, que não poderia ser tratados adequadamente.
O segundo motivo surge em decorrência da regulação do Walfredo Gurgel que não permite o atendimento a pacientes com enfermidades consideradas menos graves. O hospital tem recebido apenas pacientes politraumatizados ou vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Consequentemente, os pacientes que não se adequam às novas normas precisam dar meia-volta, mas acabam retornando ao Walfredo, uma vez que o não atendimento acaba resultado em uma piora no quadro clínico deles e, consequentemente, aumentando a demanda por vagas na UTI. A situação, segundo testemunhas, tem piorado nos últimos cinco dias. Muito embora essa seleção rigorosa tenha diminuído a demanda diária do Walfredo para 14,4%, o “desafogamento” acontece em prejuízo da saúde de outros pacientes.
Agora RN
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